segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Um amontoado de maravilhas ou: Coisas Frágeis

Voltar a escrever um blog depois de muitas tentativas frustradas há uns 4 anos atrás é muito difícil. Os dedos parecem emperrar nas teclas do computador enquanto a concentração corcoveia como uma mula desembestada, mas o marasmo desse feriado tá tão intenso que é preferível gastar 3 horas escrevendo isso do que 3 minutos tentando baixar a discografia da Suzi Quatro numa internet de 100kbps.

Decidi começar com o primeiro dos livros que passaram os últimos quatro meses pegando pó na minha estante depois de terem sido começados: Coisas Frágeis, do Neil Gaiman, que terminei de ler hoje. É uma coletânea de trabalhos dele que foi publicada em 2006; contém basicamente contos com um e outro poeminha intercalado. A proposta é que seja lido conforme o gosto do freguês, sem uma continuidade pré-definida - o que pra mim é muito bom, já que a faculdade suga o meu tempo e a minha vontade de ler ininterruptamente...
A temática geral é de fantasia; há histórias de fantasmas, de extraterrestres, brincadeiras em verso com fábulas, uma e outra dose de macabro ou horror, nada muito desesperador, mas o suficiente para causar um arrepio na espinha. É interessantíssimo o modo como ele constrói a tensão dentro das histórias até arrebatar o leitor. Gaiman tem uma sensibilidade para com o elemento fantástico que dificilmente se vê nos autores contemporâneos que frequentam as listas de "mais vendidos".
Entre as histórias, destaco as seguintes: Outras Pessoas*, Os fatos no caso do desaparecimento da srta. Finch*, Cachos*, Quinze cartas ilustradas de um tarô vampírico*, Instruções*, A namorada do Harlequin*.
Cachos (Locks) e Instruções (Instructions) são poemas que brincam com o imaginário das fábulas. O primeiro traz uma criança ouvindo a história de Cachinhos Dourados de um de seus pais. O segundo traz, com uma sensibilidade intensa, passos para sobreviver quando se achar em uma fábula.
Os outros citados são contos, ou quase isso, porque alguns deles brincam com a forma "convencional" (ou o quão convencional se pode ser) do conto. Quinze cartas ilustradas de um tarô vampírico traz 15 pequenas peças de histórias a partir de algumas das cartas que compõe os arcanos maiores do tarô. Outras Pessoas brinca com a fluidez do tempo em uma câmara de "auto" tortura. Na história da srta. Finch, um circo misterioso vem para a cidade e desaparece misteriosamente após deixar a platéia embevecida. Em Harlequin, o pregador de peças se vê apaixonado por Columbina e lhe dá seu coração - literalmente.
Os elementos do terror e do fantástico surgem nas histórias a todo momento, e o livro é um prato cheio pra quem gosta desse segmento da literatura. Acho bacana também que Gaiman tem um estilo de escrita sofisticado e ao mesmo tempo mais "cru", e bastante fácil de compreender.

Coisas Frágeis é um livro meio coringa, porque serve o duplo propósito de entreter como leitura contínua e também constituir uma leitura "esporádica", praqueles momentos em que se abre o livro, se folheia, e se lê um ou dois contos para distrair. Recomendo com muito gosto, e acho uma boa obra até para conhecer o autor, pois dá pra ter um bom panorama do estilo de escrita e temas dele.
Acho que é isso, por hora.
Nota: 5/5 (aberto à contestação nos comentários :})
Um abraço e até o próximo livro.


*tradução minha, porque li o texto original e não a versão em português.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Sobre o blog ou: Como treinar seus literatismos

Numa dessas surgiu a idéia de escrever um blog sobre, hum... na falta de um termo melhor (pra definir o assunto disso aqui), literatura.

O plano é simples: comentar, sem grandes pretensões, um livro aqui e acolá. O foco seria principalmente literatura infantil, ficção contemporânea, alguma poesia, quem sabe até fazer algumas traduções livres (afinal, é isso que eu estudo). A intenção é dar pitaco na sua vida literária mesmo.

Aí vamos ao amansa-burros, ortodoxamente conhecido como dicionário Houaiss, e temos
Literatismo
substantivo masculino
Uso: pejorativo.
1    mania de ser literato
2    literatura medíocre, de má qualidade; literatice

o que é simplesmente genial, pois pega a sacanagem que é eu querer escrever um blog sobre literatura e já brinca com esse sentido pejorativo... enfim, tirem suas próprias conclusões.

Tá na hora de ajustar as [minhas] letras.