Cá estou eu, num calor de fritar ovo na calçada, quase me liquefazendo dentro do meu apartamento. Um momento perfeito para lembrar que: 1. tenho um blog; 2. ele está abandonado. Então, impulsionado pelo tédio modorrento de uma noite de verão, retorno às atividades da alta esfera blogueira (só que não).
Essa foi mais uma das aquisições que fiz em setembro e, pasmem, só fui ler agora em janeiro. O motivo? Aulas, trabalho, rotina corrida, as mesmas desculpas furadas pra postergar coisas prazerosas. E bastante prazerosas, por sinal!
Conheci Diana Wynne Jones por volta de 2002, quando encontrei um livro com uma capa bastante peculiar na biblioteca da minha antiga escola. O interesse por literatura infantil/infanto-juvenil já vinha desde então, embora nessa época eu mesmo fosse pouco mais que uma criança e me interessava por razões distintas. Enfim, convém falar que a autora atingiu uma certa notoriedade, embora não seja particularmente famosa no Brasil, devido à temática de seus livros de fantasia: a magia é real, recorrente, e quase sempre acaba levando a confusões.
Embora não tenha lido toda a coleção Os mundos de Crestomanci, li uma boa parte deles, e considero A semana dos bruxos meu favorito até agora. O enredo se desenvolve a partir do seguinte ponto: as personagens vivem em um mundo onde a magia é proibida, porém ela pipoca por todos os cantos com uma frequencia assustadora. Quando o professor de uma turma composta principalmente de descendentes de bruxos que foram presos encontra um bilhete que afirma que uma das crianças é bruxa, ele sabe que essa situação tem de ser resolvida rapidamente, antes que um dos Inquisidores do governo chegue e tome medidas mais drásticas.
O encontro dessa nota coincide, ironicamente, com a descoberta de vários dos alunos de que podem praticar magia e seus modos de lidar com essa situação. A narrativa é simples, fácil de acompanhar, ao mesmo tempo em que é rica em detalhes, um traço típico da prosa de Diana. É um texto realmente instigante.
Em muitas passagens se percebe o uso de um tipo de lógica que eu costumo chamar de lógica do absurdo. As situações são tão irreais que o leitor não consegue evitar se deixar levar pela técnica hábil daquela que já foi chamada de rainha da fantasia. E o grande trunfo da autora está em tratar desse absurdo de maneira leve, reforçando a superação do preconceito e o esforço para fazer do mundo um lugar melhor, motes da história deste livro.
É bastante difícil pra mim comentar sobre A semana dos bruxos sem dar spoilers. Recomendo a leitura de dois outros livros da série, Vida Encantada e As vidas de Christopher Chant, para um melhor entendimento de quem é Crestomanci, o que o faz único e capaz de resolver o problema em questão, e como funcionam os mundos paralelos, que mesmo pouco explorados aqui são cruciais para o entendimento do livro.
Nota: 4/5 (pela carga de leitura necessária para o entendimento)
Por favor, deixem um comentário. Será que alguém além de mim já leu isso? Eu prometo que volto logo!